7 Razões para assistir à série Castlevania do netflix
O que é o Homem? Uma miserável pilha de segredos!
Os vampiros são criaturas sobrenaturais que há muito tempo — mas muito mesmo — instigam a imaginação humana.
Não é de admirar que eles perdurem até os dias de hoje no imaginário popular.
O mais famoso deles; Drácula, é de longe o mais cativante personagem do gênero. O que poucos sabem é que Drácula não é o mais antigo vampiro já retratado em uma obra ficcional, bem como não é uma invenção totalmente mítica, pois o personagem mistura com a ficção fatos e eventos de um personagem real: Vlad Tepes, o empalador. Claro que Vlad Tepes não era um vampiro, mas a crueldade com que ele lidava com os inimigos deram origem às mais tenebrosas lendas em torno de seu nome.
É isso o que faz esse personagem perdurar até os dias de hoje: saber que a ficção possui um pano de fundo histórico e real aguça a imaginação das pessoas.
A série Castlevania, da Netflix, apresenta esta "pegada" de misturar a ficção com a realidade para abordar temáticas sérias e profundas.
Isso torna a série muito rica e algo muito maior que uma simples animação. Castlevania é uma verdadeira obra de arte.
Abaixo; sem dar muitos spoilers e sem entrar muito no roteiro (para não estragar nenhuma surpresa) listo alguns motivos pelos quais recomendo fortemente esta série:
7 Razões para assistir Castlevania no Netflix
1 — O Vilão não é apenas um Vilão, aliás, quem é Vilão?:
Na primeira temporada vemos um Drácula tomado pela sede de vingança contra a humanidade, após a esposa ser assassinada por uma Igreja corrupta e deturpada. Neste momento os espectadores já criam uma identificação com o senhor dos Vampiros: quem não se rebelaria contra aqueles que roubaram aquilo que você mais ama? Neste aspecto, Drácula é mais que um ser sobrenatural, pelo contrário, ele apresenta uma atitude muito humana: a sede de vingança e ódio. Além disso, sentir profundamente a perda de uma pessoa amada é outro traço bastante humano e compreensivo para qualquer pessoa. Isto gera uma aproximação dos espectadores com aquele que deveria ser o antagonista da série.
O mais importante, contudo, é o dilema que esta situação apresenta para o espectador: quem é o vilão? Drácula, que deseja vingar a morte da esposa exterminando toda a raça humana? Ou os próprios Humanos; que não raras vezes se apresentam como seres corruptos, tomados pelo desejo de poder e soberba, e que tomam as atitudes mais cruéis e desumanas para conseguir satisfazer seus desejos e realizar seus intentos?
Todos sabemos que o ser Humano pode ser uma criatura muito cruel e sombria; mas nunca é demais revisitar essa questão para fazer uma autoavaliação (do ponto de vista pessoal e também social).
2 — Vislumbre um pouco da dureza que era viver na idade média:
Apesar de apresentar vampiros, demônios e magia — como era de se esperar —, a série apresenta também uma boa dose de realismo ao retratar um pouco do cotidiano medieval; as dificuldades que as pessoas enfrentavam naquele período, a sua ignorância e superstição e, principalmente, como a Igreja aproveitava-se dessa ignorância (e até se esforçava para mantê-la) para exercer o seu poder absoluto. Em períodos de conflito, a situação era ainda pior; e cenas de barbárie e carnificina deviam ser corriqueiras. Além disso, o pouco conhecimento que as pessoas tinham tornava-as ainda mais vulneráveis: qualquer coisinha podia levá-las a morte; desde pequenos machucados até simples doenças eram sentenças de morte.
3 — Crítica social:
Correndo o risco de parecer redundante, vou estender um pouco o assunto em torno da Igreja católica daquela época. Ela era um império poderoso e corrupto, que tinha a missão de espalhar a ignorância para aproveitar-se da população, a fim de manter o seu poder. Posso receber muitas críticas por expor a coisa dessa forma; mas esta é a verdade. Tanto que vemos esse "modo de operar" quando vasculhamos o passado e lemos que os membros da Igreja queimavam deliberadamente uma pessoa sob acusação de bruxaria, apenas por que esta praticava algum tipo de ciência médica (aliás, é isso que ocorre com a esposa do Drácula: uma mulher sábia que buscava por conhecimento para melhorar a vida de outras pessoas — isso não chega a ser um spoiler, pois é o pontapé inicial para toda a trama da série).
Vemos também a tendência das massas em seguir cegamente um líder; sem questionar se o que fazem está certo ou errado. O mais interessante (e triste) é que isto não é apenas um aspecto da sociedade medieval que a série está abordando: é ainda uma realidade ainda hoje em nossa sociedade contemporânea.
4 — A importância do conhecimento:
Uma outra temática; bem real, que a séria aborda, é sobre a importância do conhecimento acumulado pela Humanidade. É irônico que, ao mesmo tempo em que a espécie Humana tem capacidade para acumular muito conhecimento, ela é quase sempre a grande responsável por destruir e perder este mesmo conhecimento (o seu maior tesouro), impedindo a evolução da sua sociedade e, muitas vezes fazendo com que esta retroceda para um novo período de trevas.
Isso não é só mais uma ficção explorada pela série: é algo bem real. Podemos citar exemplos como o da Biblioteca de Alexandria nos tempos antigos ou, para falar de casos recentes; a destruição de obras de arte históricas durante a guerra trava pela Síria e Iraque com o Estado Islâmico ou ainda o incêndio do museu Nacional do Rio de Janeiro. Todos estes casos são apenas uns poucos exemplos da Humanidade rasgando seu conhecimento acumulado e que poderia, se estudado adequadamente, levar a descobertas promissoras para o bem da sociedade Humana.
Infelizmente a espécie Humana possui um lado sombrio que presa pelo Poder em detrimento do bem coletivo. Este lado sombrio é capaz de sacrificar até mesmo este tesouro tão precioso; que é o conhecimento (com o qual a Humanidade poderia produzir um bem duradouro) para usufruir de uma glória vã e passageira (de uns poucos).
5 — Um banho de Sangue, Ação e Violência:
Se você ainda não se convenceu por estes motivos mais filosóficos, talvez se convença por este (que na verdade é um conjunto de motivos encadeados): Castlevania é um banho de Sangue que reúne muitas cenas de ação com um teor violento capaz de agradar a qualquer fã do gênero. Vísceras voam para todos os lados, corações são arrancados e comidos, monstros e humanos se enfrentam em um verdadeiro mar de sangue. Mas, mesmo em meio a todo esse caos, há ordem. Não é uma série que, faltando-lhe conteúdo, apela para a pancadaria pura e desenfreada. Não, nada disso. Castlevania constrói o clima de tensão, suspense e tragédia para culminar majestosamente nestas cenas. As quais são executadas brilhantemente.
6 — Animação bem feita:
Ok, talvez eu esteja até sendo bem modesto, porque a série me agradou — e muito — na qualidade técnica da animação. Mas como não sou um perito na área, vou me limitar a dizer que a qualidade da animação é, na minha humilde opinião, impecável. Em nenhum momento sentimos uma quebra de imersão por conta dos gráficos ou pensamos: isso poderia ter sido assim ou assado. Os efeitos especiais e as cenas de ação, inclusive, fazem um ótimo proveito da qualidade gráfica, tornando-as verdadeiros espetáculos.
7 — Trilha sonora arrepiante:
Você já tem ótimos motivos para esperar de Castlevania uma ótima pedida no seu catálogo de entretenimento. Mesmo assim, ainda há mais um motivo para você considerar esta série bem mais que entretenimento barato: a sua trilha sonora tornará a sua imersão no mundo de Drácula algo inesquecível. A trilha sonora é de arrepiar; no ótimo sentido do termo. Ela conduz e cria o clima necessário para que você mergulhe completamente na série e se sinta envolvido pelos dramáticos eventos ocorridos no coração da Valáquia.
Eu gosto muito de escutar trilha sonora quando estou escrevendo; seja um artigo ou algum dos meus livros, e para cada história procuro por uma trilha que combine com o clima que quero passar para a história. E para quem também gosta de escutar trilha sonora (seja por este ou por outros motivos), dou uma importante dica: Castlevania está disponível no Deezer.