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"...a sociedade, atacada em sua base de sustentação pela morte de um indivíduo, vinga a morte com a morte; mas não existem milhões de dores capazes de rasgar as entranhas de um homem sem que a sociedade dê a mínima, sem que lhe ofereça o meio de vingança insuficiente ainda há pouco mencionado? Não existem crimes para os quais o empalamento dos turcos, os afogamentos dos persas, os nervos esmigalhados dos iroqueses seriam suplícios demasiadamente brandos e que, no entanto, a sociedade indiferente deixa sem castigo…? Responda, não existem esses crimes?"
— Alexandre Dumas (O Conde de Monte Cristo)
Dando continuidade ao registro dos Quotes (citações) que estou fazendo de O Conde de Monte Cristo usando a plataforma Wombo para criar imagens usando Inteligência Artificial.
Não pretendo me estender muito nos meus comentários a respeito dessa citação. Posso dizer que quando li essa passagem no livro eu rapidamente respondi "sim, existem esses crimes e não são poucos". A nossa sociedade está repleta de casos que exemplificam a questão colocada pelo Conde de Monte Cristo.
E ele tem razão: esses casos existem aos montes e a sociedade é (em geral) indiferente. Para piorar, como os líderes políticos de um Estado (país, reino, império, etc) são reflexo da sociedade que os escolhe (me refiro aos casos em que os líderes são escolhidos pelo povo e não impostos ao povo), também as leis e a liderança política acabam sendo igualmente indiferentes.
A verdade é que as sociedades humanas tornaram-se tão complexa que acabaram sendo escravizadas por entidades etereas criadas e/ou potencializadas pelos próprios atributos humanos. Um exemplo é o conceito de Estado: essa entidade é uma instituição que deveria servir para proteger o povo que o constitui. Mas não raro o Estado é o primeiro ente incorporeo que oprime o povo, através de suas engrenagens matemáticas e lógica torpe...Mas não precisamos ir muito longe, pensando em Estados, Empresas, Capital, etc... Basta avaliarmos no nível dos indivíduos a forma como eles se tratam nas sociedades modernas. Por exemplo, no trânsito. Os indivíduos se veêm como inimigos em uma disputa feroz por espaço e tempo, como em uma corrida maluca onde todos pensam que todos são mal intencionados e atos de gentileza são praticamente impensáveis... Talvez eu pense dessa forma por ter vivido a minha vida toda até hoje em um centro urbano metropolitano agitado e superpopuloso.
Mas sei que saindo dos centros urbanos a coisa pode mudar de figura e essa minha visão pessimista talvez não pareça assim tão ruim. Por exemplo, já visitei o interior e a praia e nesses lugares mais remotos e menos populosos, as pessoas não parecem ver as ruas como uma arena de gladiadores.
Talvez seja por isso que histórias com vilões complexos que de alguma forma possuem uma boa justificativa para eliminar e/ou controlar os humanos me pareça sempre tão cativante. A humanidade mostra-se um problema grande e complexo: um perigo não apenas para outras espécies como para si mesma.
Existe um outro lado da moeda? Provavelmente sim. Aliás, não gosto tanto de pensar em moedas (que só tem dois lados) e sim em objetos muito mais complexos (como os dados de 20 lados usados em partidas de RPG) para olhar para questões desse tipo... Mas hoje eu não estou com humor para pensar nos aspectos positivos e elogiáveis da espécie humana. Deixo para um outro momento: talvez com céu azul, calor e um sol amarelo observando lá de cima enquanto o vento sopra de forma agradável.
Hoje o clima está nublado e garoando; um dia cinzento e monótono e eu estou reagindo a isso.