UMA VERDADE SOBRE AS HISTÓRIAS DE FAZ DE CONTA
Eu sempre gostei do sobrenatural, dos mundos fantásticos e os seus personagens de fantasia. A maioria das pessoas pode pensar “nossa, que bonitinho um adulto ainda gostar desse tipo de história“. É normal que a maioria das pessoas pensem assim (ou pensem coisas piores), afinal o que uma simples historinha “de faz de conta” tem a oferecer para o mundo real e seus infindáveis problemas?
Mas acontece que há algo escondido nas histórias fantásticas que as pessoas quase sempre não percebem que está lá: não raro essas histórias tocam justamente nas duras e difíceis questões reais que estão sempre presentes na vida de todo mundo.
Para dizer a verdade, talvez não devêssemos tratar “demônios” e “fantasmas” como algo diferente de “problemas reais“, uma vez que não há distinção entre eles. Se uma pessoa mata outras pessoas por causa da sua avareza e ambição sem limites, isso é tão assustador que não seria exagero dizer que essa pessoa é um “verdadeiro demônio“.
Pense sobre isso: se uma pessoa voltasse dos mortos como um fantasma, para se vingar dos vivos, isso não seria assustador por que a pessoa virou um fantasma; o assustador aqui é o desejo de vingança capaz de devastar a todos que encontrar pelo caminho como uma chama feroz e indomável. Se o executor da vingança é um fantasma ou uma pessoa viva, isso é irrelevante.
Mas uma das grandes verdades sobre as histórias fantásticas é essa: elas são um espelho dos nossos desejos mais secretos e aterradores. Por meio dessas histórias, podemos encarar os nossos próprios demônios e vislumbrar do que realmente somos capazes, caso nos seja dada a oportunidade.
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Quem não lê… Quem não assiste… Quem não ouve uma história sobre coisas ou fatos sobrenaturais e não sente um desejo secreto, um desejo que lateja de forma aguda bem lá no fundo da alma?
“Que desejo?” você vai me perguntar. Eu vou lhe responder “o desejo em si não importa, o que importa é que Há um Desejo“. Sim, um desejo profundo e vasto demais para que o percebamos com clareza. É como olhar para o oceano e pensar que ele é apenas um grande espelho de água, quando na verdade ele esconde um universo inimaginável por baixo de suas ondulações superficiais.
Pode ser um desejo de que a vida após a morte realmente exista e que possamos voltar como fantasmas para esse mundo físico de prazeres materiais e assuntos inacabados. Pode ser também o desejo de queimar seus desafetos vivos com um simples estalar de dedos ou ainda o desejo de nos livrar de nossas doenças físicas nos transformando em um vampiro imortal. O desejo de trazer um ente querido de volta do mundo dos mortos; nem que seja na forma de um fantasma capaz de nos fazer companhia. O desejo de conquistar o mundo com o nosso próprio poder e enfim torná-lo um lugar melhor… Ou quem sabe, um lugar ainda pior (ao menos para aqueles que nos cercam).
Os desejos são muitos. Mas no fundo, todos possuem uma mesma origem; aquele pedaço secreto do nosso coração, aquele fogo original que todos nós temos, por mais que não queiramos encará-lo de frente com medo de nos queimar ou nos ofuscarmos com o quão intensos podemos ser.
A grande questão sobre as histórias fantásticas é que todos nós somos um pouco como o agente Fox Molder de Arquivo X:
Todos querem acreditar…
Isso é bastante óbvio até, pois acreditar nos faz mais fortes. A crença nos dá poderes. Para o bem ou para o mau.
No fim, talvez todos sejamos um pouco como Nero:
Cupitor Impossibilium.