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Apesar de todo o trabalho do último final de semana, eu consegui separar alguns momentos para desenhar um pouco de noite... O desenho ainda está incompleto e acredito que vou precisar de algumas horas para deixá-lo todo acabado.
Eu sempre fiz esse exercício de desenhar ilustrações sobre as minhas histórias, mas durante boa parte da minha vida eu não sabia que esse era um bom exercício para o próprio ato da escrita, pois ele permite visualizar de outras formas aquilo que imaginamos, até mesmo porque ver algo com nossos olhos e com nossa mente pode nos dar vislumbres e pontos de vista diferenças sobre uma mesma ideia.
Para fazer esse desenho eu usei lápis, caneta bic, caneta nanquim (0.1) e alguns marca textos para fazer esse desenho. No entanto, a ferramenta principal é caneta esferográfica, com a qual estou procurando dar o acabamento final para o desenho (que aliás, ainda está incompleto).
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treinando desenho com caneta bic |
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Nessa imagem eu quiz retratar o fantasma de Ádavus (o qual ainda está no esboço inicial, em lapiseira) observando Dion (segurando um punhal) e seu pai Edin exibindo a mão em que está o seu anel do Escorpião (aliás, eu preciso melhorar muito o desenho de mãos, sei bem disso) e entre estes dois está Norvigo (o antagonista), usando uma túnica preta e segurando uma garrafa da qual saí o espectro de um tigre fantasma (ou algo desse tipo, pois está mais parecido com um Bakeneko do que com um tigre).
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Esse desenho não está retratando nenhuma cena ou passagem específica desse livro (que talvez eu chame de "O Veneno do Despertar: Os Segredos dos Suna Mandís" ao invés de "Os Demônios de Ergatan"). Ao invés de tentar retratar uma cena, eu apenas peguei algumas características desses personagens e elementos e tentei reunir em uma imagem, mais como um exercício do que por outro motivo...
Na verdade, acho que no meu caso foi mais por impulso do que por outra coisa. Acontece que estou às voltas com esse trabalho de estudar um título melhor para o livro e, depois de tanta tensão e ansiedade e pesquisa sobre os melhores termos, refletir sobre os principais elementos e etc, eu acabei descarregando essa "ansiedade acumulada" nesse desenho. Ao mesmo tempo, inconscientemente eu talvez quisesse usar a imagem para vislumbrar o título (o que ainda não deu certo, mas me aproximou do caminho).
Isso me ajuda a reforçar algumas coisas que imagino e, até mesmo, corrigir outras. Por exemplo, nunca tive muita certeza sobre alguns aspectos da aparência de Norvigo e como nunca me decide sobre esses aspectos, acabei escrevendo que seu cabelo é liso...
Ao trabalhar nesse desenho e em outros esboços que já fiz de Norvigo, acabei percebento que seria legal se esse personagem tivesse um cabelo mais curto e espetado, visto que ele é comparado com um tubarão em algumas passagens da história (para criar esse personagem eu me inspirei em dois tubarões o tubarão-tigre e o tubarão branco).
Claro que a comparação que faço entre esse personagem e um tubarão não é no sentido literal e o personagem não se parece de fato com um peixe carnívoro: a comparação é no sentido comportamental e sentimental. Mas, alguns traços de sua aparência podem ser comparados com a desse animal para servir de exemplo e vincúlo entre as ideias.
Abaixo segue dois exemplos do texto onde Norvigo é comparado a um tubarão:
Uma revoada de morcegos partiu dos espaços entre o forro de bambu e o telhado propriamente dito. Ainda era a Hora do Morcego quando o Bonzo Norvigo observava a vila lá embaixo; espremendo aqueles seus olhos negros; tão opacos e vazios como os de um tubarão...
Norvigo não é apenas um predador; é um predador frio e desprovido de sentimentos. Um vilão de sangue frio e violência calculada. Eu tentei demonstrar essa falta de sentimentos em sua alma através do seu olhar, pois assim, ainda que ele seja capaz de dissimular sentimentos com um sorriso falso, seu olhar continua mostrando que em seu íntimo há imenso e perigoso vazio insondável...
— Sabe de uma coisa, oh sábio andarilho... Acho que vou lhe contar mais uma grande verdade sobre este pequeno fim de mundo — falou, com um sorriso ambíguo desenhando-se em seu semblante. Os olhos tornando-se opacos como os de um tubarão enquanto lançava seu olhar para o mar das lembranças.
Ainda assim, vou desenhar mais e fazer alguns testes antes de tomar uma decisão a respeito da aparência de Norvigo, ainda que sua aparência não seja, no final das contas, um ponto tão relevante do ponto de visto do texto e não afete em nada o roteiro dessa história.