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Histórias de fantasmas no natal: uma tradição antiga e fascinante
Esse post faz parte de uma série de posts que estou escrevendo sobre o Natal esse ano.
Por falar em lendas sombrias no natal, você já imaginou passar a noite de natal ouvindo histórias assustadoras de fantasmas? Pode parecer estranho para nós, brasileiros, que celebramos o natal em pleno verão, mas essa é uma tradição antiga e muito popular em países onde o inverno é mais rigoroso e as noites são mais longas. Tenho lido, inclusive, alguns contos que Rudyard Kipling escreveu especialmente para publicar no natal, por conta dessa tradição. Você pode ler sobre isso no artigo sobre "O Sonho de Duncan Parrenes" ou mesmo abrir em outra aba uma lista de artigos sobre as histórias sobrenaturais de Rudyard Kipling.
A origem dessa tradição remonta aos tempos pagãos (como vimos no início desse post sobre as verdadeiras origens desse feriado), quando o solstício de inverno era considerado um momento mágico, em que os mortos podiam se comunicar com os vivos. Os povos antigos acreditavam que os espíritos dos ancestrais voltavam para visitar suas famílias e protegê-las dos maus espíritos. Por isso, eles acendiam fogueiras, velas e lanternas para iluminar a escuridão e contar histórias sobre seus entes queridos.
Com o advento do cristianismo, o solstício de inverno foi substituído pelo natal, mas a tradição de contar histórias de fantasmas permaneceu. Na Inglaterra, por exemplo, essa era uma das atividades favoritas das famílias na véspera de natal, especialmente na era vitoriana, quando a literatura gótica estava em alta e o interesse pelo ocultismo era crescente.
Um dos escritores mais famosos que contribuiu para popularizar os contos de fantasma natalinos foi Charles Dickens, autor de "Um Conto de Natal", uma das histórias mais adaptadas e publicadas do mundo (tem até um episódio do Dotcor Who adaptando esse conto). Nessa obra (que eu indico), o protagonista Ebenezer Scrooge é visitado por três fantasmas na noite de natal, que o levam a uma jornada de redenção e compaixão.
Outros autores que também escreveram histórias de fantasmas no natal foram Henry James, Robert Louis Stevenson, Oscar Wilde, M.R. James, entre outros. Eles exploravam temas como o arrependimento, a culpa, a vingança, o mistério e o horror, criando atmosferas sombrias e envolventes.
Hoje em dia, as histórias de fantasmas no natal ainda fazem sucesso, seja nos livros, nos filmes, nas séries ou nos podcasts. Elas são uma forma de resgatar uma tradição antiga e fascinante, que nos convida a refletir sobre o passado, o presente e o futuro, e a celebrar a vida e a morte.
Concluindo, o natal é uma festa que comemora o nascimento de Jesus, mas também é uma época de estar com a família, os amigos, dar e receber presentes, mensagens e abraços. O natal tem origem em outras culturas que celebravam o solstício de inverno, e a igreja católica adotou essa data (se apropriou dela) para o seu calendário. Mas, independentemente da sua origem, o natal é uma oportunidade de pensar sobre valores importantes, como a tolerância religiosa (da qual sou um adepto), o perdão, a solidariedade e a paz. Que o espírito natalino e os fantasmas do natal (especialmente os que jogam verdades em nossa cara) estejam presente em todos os dias do ano, e que o amor de Deus e de todas as divindades de outras religiões possam iluminar a vida de todos. Feliz Natal e feliz solstício de verão e inverno (dependendo do hemisfério onde você esteja)! E, se você não celebra nenhuma dessas datas, feliz 25 de dezembro.
Até a próxima lenda 👻🎅🎄🎃