O Escrínio de Pooree: amor, obsessão e magia

 

uma caixinha quadrada de prata incrustada por fora com oito pequenos rubis róseos.

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Lindo peixinho cego, você tem alma de artista,

Lindo peixinho cego, quem feriu a sua vista?

Abra bem os ouvidos para escutar meu pedido:

Me arranje um amor, lindo peixinho querido.

The Charm of the Bisara — Rudyard Kipling

Eu tenho avançado bastante na leitura de Histórias Sobrenaturais de Rudyard Kipling. Hoje trago um conto que gira em torno de um objeto amaldiçoado. Refletindo sobre o assunto, acho que eu sempre gostei de histórias envolvendo objetos amaldiçoados, mágicos e misteriosos. Coisas como o arco de Yu Yu Hakusho, sobre o roubo de três tesouros do mundo espirítual (com potêcia de causar caos no mundo humano) e a coroa do Rei Gelado em Hora da Aventura são exemplos de histórias envolvendo objetos mágicos (e às vezes amaldiçoados) que sempre me fascinaram.

O Escrínio de Pooree é um conto de fantasia sombria escrito por Rudyard Kipling, o famoso autor de O Livro da Selva e do poema Se. O conto foi publicado pela primeira vez em 1887, na revista Civil and Military Gazette, e depois coletado em Contos Simples das Colinas, em 1888.

O conto narra a história de um objeto mágico e maligno, o escrínio de Pooree, que é um pequeno peixe cego esculpido em uma noz, dentro de uma caixa de prata com jóias. O escrínio tem o poder de fazer com que a pessoa amada se apaixone pelo seu possuidor, mas somente se for roubado. Se não for roubado, o escrínio se volta contra o seu dono em três anos, trazendo ruína e morte.

O protagonista do conto é o capitão Pack, um homem desprezível que é obcecado pela bela Miss Hollis. Ele ouve uma conversa no clube sobre o escrínio de Pooree e decide roubá-lo. Logo depois, Miss Hollis se apaixona por ele e aceita se casar. Mas quando o dono original do escrínio o recupera, Miss Hollis o rejeita novamente. O dono, vendo o poder do escrínio, toma medidas rápidas para se livrar dele.

O conto é um exemplo da habilidade de Kipling em criar histórias envolventes e originais, misturando elementos do folclore indiano, da cultura britânica e do horror sobrenatural. O escrínio de Pooree é uma das várias relíquias místicas que aparecem nas obras de Kipling, como o ankus do rei em O Segundo Livro da Selva. O conto também explora temas como o amor, a obsessão, a magia, o destino e a moralidade.

Algumas curiosidades sobre o conto são:

  • O nome Pooree é uma referência à cidade de Puri, em Orissa, na Índia, onde há um famoso templo dedicado ao deus Vishnu.
  • O escrínio de Pooree é inspirado em um amuleto real que Kipling viu em um museu em Lahore, no Paquistão. Era um peixe de prata com olhos de rubi, que supostamente tinha o poder de atrair a sorte.
  • O conto foi adaptado para o rádio em 1948, pela BBC, com a participação do próprio Kipling como narrador.

Se você ficou curioso para ler esse conto, você pode encontrá-lo online em vários sites, como no site Project Gutenberg com o título em inglês The Bisara of Pooree, que disponibiliza obras literárias de domínio público (vários contos de Kipling estão disponíveis em inglês lá).

Mas se você prefere ler o conto em português e ainda aproveitar outras histórias sobrenaturais de Kipling, você pode adquirir o livro impresso Histórias Sobrenaturais de Rudyard Kipling, que reúne pela primeira vez num único volume trinta e trê scontos de Kipling — magistralmente traduzidos por José J. Veiga — que compreendem sua criação sobrenatural. Os contos estão organizados em ordem cronológica de " O Sonho de Duncan Parrenness" de 1884 a "O Jardineiro" de 1926 escrito dez anos antes da sua morte. Esta coletânea também inclui contos famosos como "O Signo da Besta" e "Eles". O livro foi lançado pela editora Bertrand (a edição mais recente é de 1997), e você pode comprá-lo em diversas livrarias online, como no site da Amazon.

Não perca a chance de conhecer esse conto incrível de Rudyard Kipling, que vai te surpreender e divertir com sua mistura de magia, crítica social e um objeto amaldiçoado intrigante. Me pergunto e você provavelmente tamvém vai se perguntar por onde é que anda esse misterioso e perigoso escrínio?