Revendo a primeira temporada de Arquivo X: Uma Jornada Através do Sobrenatural, Ficção Científica e Conspirações

The X Files -  gif baixado no site gifer ponto com

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Enquanto escrevo esse post, mergulho em minhas anotações para concluir o roteiro de um conto que mistura terror, mistério, folclore e talvez até um toque de horror com fantasia urbana. Gêneros literários ficcionais são complicados. Pelo menos eu acredito que é complicado tentar encaixar certas histórias em "gavetas uniformes e padronizadas".

Por exemplo, como classificar a série Arquivo X? É uma história sobre eventos sobrenaturais? Ou é uma história sobre ficção cientifica? Ou talvez se trate de uma fantasia urbana? Ou quem sabe seja uma história sobre espionagem e conspiração governamental?

O fato é que Arquivo X trata-se de tudo isso e provavelmente de muito mais.

Mas é claro que esta não é uma opinião técnica e por isso é completamente desprovida das bases fundamentais que regem a literatura. Dito isto, vou postular que histórias que mesclam uma séries de características que podem ser aplicadas a diferentes gêneros podem ser consideradas simplesmente um tipo de fantasia ou simplesmente Ficção. Por isso vou pular da ficção da qual estou escrevendo para a Ficção que estou consumindo em doses homeopáticas enquanto adquiro mais e mais material no qual me inspirar para redigir meus roteiros para em algum momento oportuno transformá-los em contos ou mesmo livros maiores (novelas ou romances). E sim, é sobre Arquivo X que vou falar agora... Ou melhor, vou escrever; mas você provavelmente compreendeu a figura de linguagem empregada. Vamos lá?

Cena em que a agente Dana Scully se apresenta para o agente Fox Mulder

Eu conheço o Arquivo X há muitos anos. Afinal, foi uma das séries que marcaram minha infância, muito embora eu nunca tenha conseguido assistir a todos os episódios de todas as temporadas na época: na verdade, naquela época eu só pude assistir a uns poucos episódios. Quem nasceu na década de oitenta e teve a maior parte da infância na década de noventa e vivia na periferia de uma cidade como Osasco, provavelmente não teve o privilégio do acesso à TV a cabo. Além disso, ainda não haviam inventado o Streaming. Este foi o meu caso. Ainda assim, os poucos episódios que consegui assistir na TV aberta na época foram suficientes para marcar minha memória.

Poster da série Arquivo X: primeira temporada

Depois de adulto, já tentei maratonar todas as temporadas desse brilhante seriado. Mas novamente fracassei: a vida adulta tem seu jeito de nos afastar das coisas de que gostamos. Além disso, a série possui um ritmo lento que é típico de sua temática e também de sua época. Não é o tipo de conteúdo que você senta e consome sem ter o tempo necessário para digerir a informação. Em muitos episódios nos deparamos com frases que parecem ter saído de um livro, de tão profundas e às vezes até poéticas. De certo modo, às vezes nos pegamos pensando "não é assim que um personagem como esse falaria isso", mas ao mesmo tempo, isso não é ruim na série: esse toque "literário" faz parte do seu charme e nos faz querer continuar escavando mais e mais cada episódio, enquanto mergulhamos em suas questões profundas. Porém, não é o tipo de série que você pode se dar ao luxo de assistir a um episódio após o outro, correndo o risco de não se lembrar de nada e não reter nada do que assistiu caso tente maratonar uma obra com esse "peso".

Porém, quando gostamos de algo em que acreditamos, sempre encontramos um jeito de nos aproximar desse algo. E cara, como eu acredito em "Arquivo X".

Resolvi assistir a série mais uma vez. Dessa vez, não pretendo maratona-lá; não no sentido clássico de "sentar e assistir a um monte de episódios um atrás do outro" e sim ir assistindo de pouco em pouco, sem pressa. Quando vamos ficando mais velhos aprendemos um pouco mais sobre a vida e sobre como fazer as coisas sem pressa.

Por isso vou falar nesse post apenas sobre a primeira temporada da série e sobre o motivo pelo qual acho esse seriado genial.

Em 10 de setembro de 1993, a televisão americana presenciava o nascimento de um fenômeno cultural: Arquivo X. Criada por Chris Carter, a série rapidamente conquistou o público com sua mistura de suspense, ficção científica e toques sobrenaturais. Pelo que eu li neste artigo, o autor buscou inspiração em shows desenvolvidos ao longo das duas décadas anteriores, entre eles Kolchak: The Night Stalker, The Twilight Zone e Twin Peaks. Ele se baseou ainda na história do Caso Watergate e em uma matéria publicada por um jornal norte-americano, que relatava que cerca de 3 milhões e 700 mil americanos afirmavam ter sido abduzidos por seres extraterrestres. Ao mesclar todos esses conceitos, Carter acabou desenvolvendo o episódio piloto de The X-Files, que foi inicialmente rejeitado pelos executivos da emissora, o que forçou o autor a revisar o projeto. No processo, ele trabalhou em parceria com Daniel Sackheim, e buscou inspiração em mais obras de ficção científica e suspense, entre elas o filme The Silence of the Lambs, um dos grandes sucessos da década de 80.

Arquivo X é uma daquelas séries que reúne todo tipo de histórias sobrenaturais, de ficção cientifica e de conspirações secretas em uma miscelânea banhada por um clima "Noir" de primeira linha.

Para se ter uma noção, olhando apenas para os episódios dessa primeira parte da série, temos desde seres mutantes, experimentos genéticos, homens das cavernas que sobreviveram até os dias atuais, fantasmas, uma I.A. homicida super avançada, milagres, pessoas com poderes telecinéticos, reencarnação, lobisomens e claro; alienígenas e conspirações secretas do governo. Posso ter me esquecido de alguma coisa, mas é difícil cobrir todos os temas abarcados pelos Arquivos X.

Para dizer a verdade, o cerne de Arquivo X gira em torno de um agente federal (Fox Mulder) tentando  provar a existência de vida alienígena ao mesmo tempo em que busca fazer contato com seres extraterrestres e provar que o governo conspira para manter essa informação em segredo da população.

Enquanto o agente especial do F.B.I.; Fox Mulder, quer acreditar na existência de vida alienígena, sua parceira Dana Scully (escolhida pela agência especialmente para manter Mulder com os pés no chão e também dedurá-lo para os superiores) é uma personagem cética e que reluta em acreditar (mesmo quando as evidências estão debaixo do seu nariz).

Apesar do que pode parecer, a dupla de agentes possuem uma química que funciona muito bem (tanto pelo roteiro, como pela dinâmica dos atores escolhidos para o papel). A crença exacerbada de Mulder e o ceticismo cego de Scully se complementam, e fazem com que ambos se apoiem das mais variadas formas nos mais variados casos em que trabalham nos Arquivos X.

Mulder e Scully na chuva em um dos episódios da primeira temporada, se não estou enganado

Na Wikipédia eu encontrei um trecho de uma entrevista em que Cris Carther fala sobre a criação desses dois personagens, e vou reproduzir esse trecho aqui, porque achei a explicação dele incrível:

"Mulder e Scully surgiram diretamente do fundo da minha imaginação. Uma dicotomia. Eles representam as partes equivalentes ao meu desejo de acreditar em algo e a minha incapacidade de acreditar em tal coisa. Meu ceticismo e minha fé. E a criação desses personagens foi extremamente fácil para mim. Eu queria, assim como várias outras pessoas, passar pela experiência de testemunhar um fenômeno paranormal. Ao mesmo tempo em que eu não queria acreditar nisso, eu me questionava. Eu acho que esses personagens e essas vozes surgiram dessa dualidade."

Chris Carter falando sobre o processo de criação dos personagens Mulder e Scully.

 Apesar do seriado focar na temática em torno da existência de vida alienígena, a sua grande sacada é abordar variados casos estranhos e bizarros, que esbarram em todo tipo de crença sobrenatural, folclore e lendas urbanas. Esse mosaico de coisas estranhas é tão interessante e foi tão bem trabalhado que ainda vemos obras se apoiando nesse tipo de narrativa. Desde de podcasts a séries de TV, como o podcast Lore, ou Frequência Kirlian, como séries como Gravity Falls (eis aí outra série da qual sou um grande fã). Inclusive, durante a primeira temporada somos apresentados ao primeiro Arquivo X de todos, que fundou essa seção na agência federal: este caso não tratava de alienígenas e sim de lobisomens. Eu adorei esse episódio; o de número 18. Em resumo, um jovem é atacado por um animal desconhecido. Seu pai, um fazendeiro que está em pé de guerra com os aborígenes da região por causa das terras, mata o animal, mas, ao examinar a criatura, percebe se tratar de um dos aborígenes da região. O Xerife; que também é indígena, se recusa a permitir uma autópsia no corpo em respeito às tradições indígenas, mas novos ataques e "mais acidentes" acontecem, fazendo Mulder acreditar que se trata de um lobisomem, como já havia ocorrido naquela região há muitos anos, quando J. Edgar Roover investigou o primeiro caso de Arquivo X.

Para quem gosta de Arquivo X, ou quer se conhecer e se aprofundar na série, eu recomendo o Blog Arquivo X - Episode Guide. Este Blog possui postagens desde 2008, e vem tratando de cada um dos episódios desse enorme seriado.

Além de visitar o Blog que estou indicando acima, comente meu post, me diga se você já conhecia Arquivo X ou se você nunca ouviu falar (com essa resposta vou conseguir deduzir mais ou menos a sua faixa etária), e me diga qual é o seu episódio favorito da primeira temporada. Me diga também se você já viu algum ovni por aí, ou se já teve algum contato de primeiro grau (ou de qualquer outro grau também). Mas se você é do tipo que não se dá bem com alienígenas e prefere ficar com outros eventos estranhos e inexplicáveis, por favor, venha compartilhá-los comigo aqui também.

Eu pretendo voltar para falar das demais temporadas de Arquivo X, mas isso vai demorar um pouco, pois até lá preciso continuar com muitas outras atividades (algumas mais e outras menos sérias e relevantes). Garanto que não são essas outras atividades as responsáveis pela minha dificuldade em me dedicar e organizar minha produção escrita. Não, a culpa é de uma conspiração secreta do Governo que tem lançado uma campanha de distração para me impedir de escrever... Quem duvidar, que prove o contrário.

Bom, vou ficando por aqui, afinal preciso voltar para o roteiro do meu conto. Trata-se de uma história intercalada com o "A Rua dos Anhangás" e faz parte de uma reestruturação que estou fazendo dessa história, que provavelmente vai deixar de se chamar A Rua dos Anhangás apenas para se tornar uma série que penso em batizar de Vila Santa Morte. Eu não tenho conseguido focar muito em minhas obras, mas eu quero acreditar que vou recuperar meu foco e retomar minhas publicações em breve... Eu quero acreditar, eu quero acreditar, eu quero acreditar... (Vai que esse mantra dá certo). 👽

Agente Fox jogando lápis no poster "Eu quero Acreditar" como se fossem dardos